quarta-feira, outubro 25, 2006

Contagem decrescente

À meia-noite de hoje a Cabra fará ecoar pela alta as doze badaladas que marcarão o inicio de mais uma Festas das Latas. A essa hora na Sé Nova guitarras começaram a gemer dando início à Serenata do Caloiro. A partir daí começará uma semana em que Coimbra ferve euforicamente. Quem já é da casa, sabe o que a casa gasta, e sabe que é nestes momentos que nos sentimos mais próximos uns dos outros, que mais convivemos, e que a diversão não tem nem sítio, nem hora para acabar. Mas tu, verde caloiro, terás a partir desse momento a perfeita noção de que entraste numa academia ímpar, e começarás a perceber de onde vem a reputação da vida académica desta cidade. E se não me engano, os próximos dias ficarão guardados na tua memória.
Cabe então contar-te (de uma forma breve) a História desta festa.
No século XIX, os estudantes da Faculdade de Direito começaram a celebrar o final do ano lectivo e para isso utilizavam objectos que produzissem barulho, nomeadamente latas.
Estes festejos rematavam a Queima das Fitas. Contudo, a partir dos anos 50/60 as Latadas passaram para o início do ano lectivo coincidindo com a abertura da Universidade, com a chegada a Coimbra dos estudantes que regressavam de férias e com a chegada dos caloiros.
Após a imposição das insígnias (grelos e fitas), organizava-se um cortejo por cada faculdade, em dias diferentes. Mais tarde, em 1979, com o reatamento das Tradições Académicas de Coimbra, passou a realizar-se uma só cerimónia de imposição das insígnias e um só cortejo, englobando todas as Faculdades.
Actualmente, os caloiros que participam no cortejo vestem fantasias que os padrinhos e madrinhas lhes confeccionam e/ou lhes oferecem, sendo vulgar que usem peças de roupa da cor dos respectivos cursos ou vestes com conteúdo crítico (alusivo quer à vida escolar, quer de cariz político, ou mesmo no que diz respeito ao panorama internacional), sobressaindo também desta forma o espírito crítico, criativo e irreverente da Academia Coimbrã (e que a meu ver deve ser fomentado, pelo que te peço que neste cortejo critiques criativa, inteligente, e irreverentemente aquilo que te inquieta o espírito).
Mais te poderia dizer sobre a Festa das Latas, mas deixarei que descubras por ti tudo o que não te disse.
De resto usarei palavras de Pedro Barroso para frisar dois pontos que não quero deixar passar.
A todos aqueles que por esta altura criticam com mais ou menos razão os estudantes, independentemente dos seus motivos, quero apenas dizer que “há dias a mais iguais no calendário da razão”.
E a ti caro colega, aconselhar que aproveites esta Latada ao máximo, e que a vivas “nos limites decentes da demência, nos limites dementes da decência”.


Cordiais Cumprimentos
Hilário

terça-feira, outubro 24, 2006

Suplemento Latada

No post onde disponibilizamos o cartaz da Festa das Latas tinhamos prometido que disponibilizariamos mais informações sobre os artistas que vão estar no palco do Estádio Universitário. Contudo, hoje saiu mais um número da nossa Cabra, que traz um suplemeto denominado Latada 2006, onde se encontra patente toda a informação sobre os concertos da Latada, entre outras informações sobre a Festa que se avizinha, pelo que para aí remetemos todos os interessados, uma vez que provavelmente o nosso trabalho informativo ficasse provavelmente muito aquém daquele.
Velha Academia

segunda-feira, outubro 23, 2006

Hoje Há Assembleia Magna


Esta segunda feira pelas 21:30 na Cantina dos Grelhados vai-se realizar uma Assembleia Magna em que o ponto único é a discussão e aprovação do regulamento eleioral para as próximas eleições dos Corpos Gerentes da AAC.
Não deixes de participar em mais uma Assembleia Magna.
Fonte: Site da AAC www.dg.aac.uc.pt
Velha Academia

sábado, outubro 21, 2006

Cartaz da Latada


O cartaz da Festa das Latas já foi apresentado. Os concertos das Noites do Parque ficarão a cargo de Patrice, Orishas, GNR, Expensive Soul, Xutos, Quim Barreiros e Leonel Nunes para além dos grupos da casa, entre outros. A Velha Academia deixa aqui o cartaz das Noites do Parque, e disponibilizará em breve informações sobre alguns dos artistas que actuarão no palco do parque, que se localizará no campo pelado do Estádio Universitário, pela primeira vez, num espaço com uma área total de oito mil metros quadrados, cinco dos quais cobertos por uma tenda "única em Portugal" como referiu o presidente da direcção-geral da Associação académica de Coimbra Fernando Gonçalves.
CARTAZ OFICIAL DA FESTA DAS LATAS
Quinta-feira
26 de Outubro
Sarau académico com todos os grupos da Academia
Preço do bilhete: 2 euros
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Sexta-feira
27 de Outubro
Pluto
Orishas
Tuna de Medicina
Preço do bilhete: 10 euros
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Sábado
28 de Outubro
Legendary Tiger Man
Patrice
Estudantina
Preço do bilhete: 10 euros
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Domingo
29 de Outubro
Expensive Sou
GNR
In Vino Veritas
Preço do bilhete: 8 euros
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Segunda-feira
30 de Outubro
Phil Case
Xutos e Pontapés
Fanfarra
Preço do bilhete: 10 euros
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Terça-feira
31 de Outubro
Leonel Nunes
Quim Barreiros
Orxestra Pitagórica
Preço do bilhete: 5 euros
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Fonte: site da AAC
Velha Academia

sexta-feira, outubro 20, 2006

A Raiz do Grande Problema




Que me desculpem os caros colegas leitores se me tenho tornado repetitivo, se tenho ficado obcecado com as Assembleias Magnas, e se elas têm constituído o assunto predominante dos textos que aqui vos deixo, mas penso que as Assembleias Magnas, e a fraca participação dos estudantes que nelas se verifica (caindo de novo em repetições que me parecem inevitáveis), constituem, a raiz do maior problema que enfrentamos. Dou-vos hoje por isso mais do mesmo, sendo possível que me torne cansativo, ao contrário do que queria, pois elegi recentemente o incentivo para a participação dos estudantes em Assembleias Magnas a minha batalha pessoal principal.
Viriato contra mim gritou, e o seu grito em mim tem feito eco. Para mim a razão estava com Viriato. Na altura (28 de Agosto de 2006), deixou aqui um post que entre outras coisas dizia:
“Eu não vou a todas as Magnas! Contra mim falo!
[…]
Contra ti grito!”
Fez-me pensar… E divagando sobre os problemas principais que esta Academia enfrenta foi nas Assembleias Magnas que encontrei a raiz do grande problema.
As Assembleias Magnas são o local próprio onde os estudantes se encontram para debater a situação e os problemas com que se deparam. É nas Assembleias Magnas que se tomam decisões tendentes a colmatar esses problemas. Como já aqui tive oportunidade de dizer, é através das Assembleias Magnas que os estudantes decidem os rumos a tomar, firmam a sua posição. É nas Assembleias Magnas que as opiniões pessoais de cada um e as suas ideias têm hipótese de se tornar estandartes deste colectivo. É nas Assembleias Magnas que os estudantes desta Academia podem intervir activamente, e fazer-se valer, quanto mais não seja, pelo seu voto. É lá que se obtêm informações sobre os assuntos que dizem respeito ao Ensino Superior, e por conseguinte às nossas vidas enquanto estudantes. É nas Assembleias Magnas que se vê a força da Associação Académica de Coimbra. É lá que se alicerçam as suas bases.

Já que isto todos sabemos, e se mesmo assim estas reuniões de estudantes há muito deixaram de conseguir alcançar estes objectivos, cabe então averiguar que motivos levaram a que as Assembleias Magnas perdessem os seus estudantes que as passaram a ignorar.
Tendo-me debruçado sobre isso, penso que o problema fundamental consiste em não sabermos dialogar uns com os outros. Se estamos todos do mesmo lado da barricada, se os nossos objectivos são comuns – uma Academia melhor, não compreendo porque constantemente nos atacamos uns aos outros. É notório em todas as Magnas. Subir ao palanque no intuito de ter um papel activo numa Magna, para dar o seu contributo, é meio caminho andado para se ser insultado na intervenção seguinte. Criticar uma ideia é uma coisa. Ridicularizar uma ideia é outra. São repetidamente usadas analogias sem sentido e ironias destrutivas para se fazer desabar ideias. Não me parecem esses os meios adequados para discussões desta amplitude. O respeito é crucial. Essa frase feita: “Às vezes é preciso chamar os bois pelo nome”, tem a sua graça, mas nenhum boi gosta de ser assim chamado. Perante isto pergunto-me, somos colegas ou adversários? Às vezes fico sem saber. Para mim, quem vê o Mundo de maneira diferente não é meu adversário…
Penso que se deve dar mais atenção à retórica (técnica ou a arte, como preferem alguns, de convencer o interlocutor através da oratória). O que pensamos e o que defendemos não pode de forma nenhuma ser imposto aos outros, as ideias não são retidas nem apoiadas quando são impostas, antes se apreendem pelo valor intrínseco que cada um individualmente lhes reconhece.
Insultos pessoais…? Com que intuito?
E ainda há nas Magnas quem ache que chegando a certo ponto, as discussões só já se resolvem com os punhos. E sobre isto nada direi…
Depois vejo a falta de humildade patente no discurso de muitos dos que intervêm nas Magnas. “Tal ideia é ridícula!!” As ideias não são objectivamente ridículas. São subjectivamente ridículas. Uma ideia minha pode para vocês ser ridícula, completamente descabida. Mas em si mesmas (conceptualmente, se quiserem) as ideias não são ridículas. Tenhamos a humildade de perante uma ideia que em nosso entender seja ridícula dizer apenas “eu discordo” e os motivos concretos porque discordamos, conscientes de que esses motivos podem também ser polémicos, e matéria de discórdia.
Outro ponto que queria falar são os rótulos depreciativos. Os “esquerdalhos”, os “anarquistas”, os “fachos”, os “tachistas”, etc.… Na Academia discutem-se os problemas da Associação Académica de Coimbra. Para melhorar a Academia segundo penso, é positiva a participação de todos, as ideias de todos, e é-me bastante difícil conceber que algum dos grupos rotulados não tenha já dado em alturas anteriores contributos positivos naquele sentido, e se por ventura isso se verificar, não acredito que alguém não esteja apto devido à sua ideologia a dar um contributo positivo intervindo nesta Academia. Que há pessoas que não se preocupam minimamente com a Academia Coimbrã aceito, e que não estejam minimamente empenhadas em melhorá-la acredito, mas segundo a minha maneira de pensar, a estarem interessados todos os estudantes, independentemente das suas ideologias políticas estariam aptos a participar de modo positivo nesta Academia.
Por último, gostaria de frisar a tendência dominante actual e a que tudo isto conduz, e aquilo que intitularia por “Tudo Destruir e Nada Construir”. Criticas são quase sempre boas, se apontam erros reais. Porém, mesmo nesse caso, uma crítica por si só não basta… É necessário encontrar alternativas quando discordamos do caminho a seguir para certo lugar. E quando se discorda de posições é igualmente necessário propor alternativas. Que não se fique só pela critica. Que não se fique num certo sítio porque não estamos a percorrer o trilho certo, que se descubram novos caminhos. Todos vocês têm duas característica de infindável valor: a inteligência e a criatividade, e é por isso, e por mais um milhão de motivos que em cada um de vós reside a minha fé.


“Quem deseja ter razão de certo a terá com o mero facto de possuir língua.”

Goethe
Cordiais Cumprimentos
Hilário

quarta-feira, outubro 18, 2006

Quinhentos Capas Negras

Um dia, alguns Capas Negras juntaram-se em torno de um objectivo comum – unir e ajudar a fazer renascer a Velha Academia Coimbrã. O objectivo parecia nessa altura uma tarefa hercúlea. Quando pensávamos se seria possível atingir aquilo a que nos propúnhamos, despidos de todos os sonhos que queríamos realizar, no íntimo de cada um havia a desmotivante convicção que tal objectivo era impossível de alcançar, talvez conseguíssemos dar dois ou três passos nesse sentido, mas nada de significativo. Éramos bastante pequenos, éramos insignificantes, sabíamo-lo, mas não cedemos perante esse facto, e perante um objectivo maior que nós.
Mas a vida é irónica, e o possível e o impossível são conceitos sem fronteiras, e tu juntaste-te a nós, e hoje, este blog conseguiu ser visto por quinhentos capas negras. É claro que esse número é virtual, sabemos que nem todos os visitantes do blog foram capas negras, também sei que alguns capas negras apenas nos visitaram e não voltaram a passar por cá, mas tu estás aqui agora, quer seja a primeira vez que cá vens, quer já sejas da casa, e desde o dia em que iniciamos este projecto, nós crescemos, e isso só aconteceu porque estás aqui connosco agora, e seguramente somos hoje mais fortes do que quando os seis elementos da Velha Academia se juntaram, porque te temos connosco.
Timidamente, a Velha Academia tem feito a pouco e pouco (durante as últimas três semanas) algumas campanhas publicitárias, limitadas pelo orçamento de cada um dos seus elementos (comummente conhecido por mesada). Temos tentado chegar até ti para que possas chegar até nós. O nosso empenho e dedicação, e a tua participação têm permitido que tenhamos crescido muito mais do que as nossas melhores expectativas permitiam prever. Considerando este dia especial, usarei hoje palavras que serão sempre melhores que as minhas, para te deixar um convite (que já antes te fizeram):

“Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem-vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também”

Zeca Afonso

Cordiais Cumprimentos
Hilário

segunda-feira, outubro 16, 2006

Hoje Serei Bastante Breve

"Emancipate yourselves from mental slavery,
None but ourselves can free our minds."

Bob Marley, Redemption Song (1980)


(“Emancipai-vos da escravidão mental,
Ninguém senão vós pode libertar a vossa mente…”)

P.S. – Com um especial abraço para Viriato, pelas razões que ele saberá.


Cordiais Cumprimentos
Hilário

sexta-feira, outubro 13, 2006

Ontem fui Nevoeiro

"Li um dia: cada homem é responsável por tudo, perante todos. Parece-me que é realmente verdade. Evidentemente, se cada um se vê como uma formiga num formigueiro, acho que não pode fazer nada. Não digo que teria sido capaz de impedir a entrada dos nazis abrindo os braços. Vejo de novo a minha mãe nas ruas de Sevilha, com os seus pequenos braços abertos. Contudo, se tivessemos todos aberto os braços...
- Talvez. Mas ninguém fez isso. Os outros são tão responsáveis como tu.
- O problema é deles. Com certeza, somos todos responsáveis. Mas todos quer dizer cada um. Sempre o senti, mesmo quando ainda era um garoto: bastam os meus olhos para que esta avenida exista. Basta a minha voz para que o mundo tenha voz. Quando ela se cala a culpa é minha. Eu não criei o mundo. Mas recrio-o a cada instante com a minha presença. E tudo para mim se passa como se tudo o que lhe acontece a ele acontecesse através de mim."

Medito sobre estas palavras de Simone de Beauvoir.
Bastam os meus olhos...
Basta a minha voz...
Assumo a minha responsabilidade.
Não mais calarei a minha voz.
Não mais fecharei os meus olhos.

Saudações Académicas
Adriano

quarta-feira, outubro 11, 2006

O Capa Negra Vai Nu

Chegaste a esta cidade como todos os outros verdes caloiros, tentaste em vão esconder o receio das praxes, do desconhecido, dos desconhecidos que te acolhiam, da sensação de a partir daí teres que contar apenas contigo, de a partir daí teres de ser auto-suficiente, de teres de te bastar. O receio da sensação de teres deixado o ninho e do teu voo ser sustentado, pela primeira vez, pelas tuas próprias asas, que te pareciam ainda frágeis. E os que te acolhiam, de capas negras aos ombros, conheciam-te, conheciam-se, viram estampado no teu rosto o seu próprio rosto quando um dia, que a memória preserva intacto, chegaram a esta cidade.
Mas o tempo foi passando, tu cresceste, apreendeste, riste-te, choraste, embriagaste-te em noites de boémia, estudaste, entregaste-te à liberdade, e aprendeste a medi-la quando te pareceu desmedida. E hoje, que o teu ano de caloiro já lá vai, e que esse “tu” tanto cresceu por dentro, usas a espaços o teu traje que confirma isso mesmo, e que te acompanhou e te acompanhará em noites que não esquecerás.
Ainda te lembras? Claro que sim... claro que te lembras, como te poderias esquecer?... Estava a chegar a altura. Já se falava nisso. Alguns dos teus colegas já o tinham, os padrinhos e madrinhas avisaram-nos de que era melhor comprar o traje, porque mais uns dias e estariam naquele pequeno quiosque que era a Toga, todos os caloiros de todas as faculdades para comprar o seu, para serem pastranos vestidos a rigor na Serenata Monumental, para os padrinhos que os tinham acolhido lhes traçarem a capa e dessa forma os reconhecerem como um “quase quase dr.”.
Mas o mês estava a correr mal financeiramente, os teus pais disseram-te que “a fatiota era cara” e o ano nem estava a correr nada bem (a raposa espreitava-te pelo canto do olho), e que ainda nem sabiam se não ias voltar para casa antes mesmo do ano terminar. E em ti renasceu o puto, querias o traje, querias… tinhas de o ter. Raios partam! Até porque mesmo antes de o comprares já era teu de direito, um ano inteiro a ser praxado! E agora… não havia traje?... Nem que caísse o Carmo e a Trindade. Ouvias toda a gente dizer que o ia comprar amanhã, que o tinha comprado ontem, e cada vez que ouviste falar dele como o desejaste… Lembras-te? Já te corria no sangue a praxe académica. Já tinhas no coração os amigos com quem tinhas feito esse duro primeiro ano e que querias ver trajados, e que querias que te vissem trajado. E sem traje, o que traçariam os teus padrinhos que te ensinaram os caminhos que até aqui tinhas percorrido? Que pastrano serias tu depois da meia-noite sem traje (perguntavas-te)?…
A tua persistência foi maior… Venceste. Nem podia ser de outra maneira. Querias fazer parte da Academia de Coimbra. Querias ser um dos seus símbolos, querias à viva força ser um capa negra, um estudante desta velha academia cujo prestígio é por todos reconhecido, e cujo brio te enaltece.
Entraste então no pequeno quiosque como uma peça em linha de montagem, era a tua vez, serias ali modificado, melhorado a teu ver, parecia-te que tinhas esperado tanto tempo por isso… A senhora que te tirava medidas rapidamente, ignorava por completo a satisfação com que ali estavas, como estavas expectante… Depois da fita métrica te ter contornado o corpo por três vezes num ápice, pois mãos profissionais têm outra velocidade, deste a mando da costureira mais dois pequenos passos. Sabias o que se seguia, tinhas estado a olhar atentamente para o caloiro que estava à tua frente. Uma outra senhora atirou-te para os braços um par de calças negras, uma camisa branca, um colete (peça de vestuário que nunca tinhas usado), uma gravata, uma batina (peça de roupa que já tinha ouvido falar no ano que tinha passado, mas que na verdade não sabias o que era), e depois… no final, quando a roupa que te deram para vestires te assentou como uma luva, puseram-te em frente a um espelho, e colocaste a tua capa aos ombros. Essa seria a tua capa… Como gostaste de te ver com a tua capa.
A senhora, ao passar por ti, naquele espaço exíguo, enquanto atendia freneticamente mais dois clientes mandou-te um piropo barato que te caiu no goto, e esboçaste um discreto sorriso, muito mais pequeno do que o que te ia na alma. E a outra senhora, que te tinha dado a roupa para a mão, inoportunamente estragou-te o momento sublime de auto-contemplação, e tirou-te o doce da boca ao pedir-te para entrares no minúsculo vestiário e tirares o traje.
Quando chegaste a casa vestiste-o de novo, olhaste de novo o espelho que nesse dia te dava uma das melhores imagens que tinhas de ti. Alinhavas a gravata, ajeitavas o colete, e quando tiveste coragem despiste-o de novo.
Não tardou muito até que o vestisses novamente, ainda antes da Serenata. Levaste-o contigo para a tua casa, num saco especial da Toga, o traje imaculado, ainda a cheirar a novo, e mostras-te à tua família como te ficava a capa que te estava destinada. A tua mãe deixou cair uma lágrima, o teu pai olhava para ti com orgulho extremo, e a máquina fotográfica registou o momento.
Eras um estudante de Coimbra! Pertencias à velha academia coimbrã, chegaste, viste e venceste na cidade dos estudantes, e foste por eles reconhecido como dr.
A Academia de Coimbra concedeu-te as amizades que fizeste, o traje académico, proporcionou-te a possibilidade de teres a melhor vida de estudante do Ensino Superior. E ser estudante em Coimbra, confirmaste por experiência própria, é inexplicável e inesquecível.
Mas já não te preocupas com a Academia que tanto de deu. Hoje demarcas-te, distancias-te dela. Não deixas que ela conte contigo, não participas nela, abstraíste-te, é-te indiferente se a Associação Académica de Coimbra luta ainda hoje por alguma coisa, se nas Assembleias Magnas participam os seus capas negras, se a Academia tem força, se a Academia tem o vigor de outrora, se tem o brio de outrora, se tem os intelectos de outrora. É-te indiferente se te fazes representar na Associação que te representa. E perante tanta indiferença meu Caro Colega, desculpa que te diga… Mas o Capa Negra Vai Nu.
Cordiais Cumprimentos
Hilário

terça-feira, outubro 10, 2006

Partilhando Sentimentos.

Sentimento que me invadiu na Assembleia Magna de ontem.

Não baixarei os braços!
"SOU SIGNIFICANTE!"
"Gritou o grão de pó"

Cordiais Cumprimentos
Hilário

sexta-feira, outubro 06, 2006

A Consulta

Foi o intuito de revitalizar o espírito intervencionista da nossa academia que nos guiou à criação deste blog.
Reconhecemos não saber o caminho que nos leve a tal fim.
Não consideramos isso um entrave à tentativa.
Pretendemos saber a tua opinião.
Acreditamos que só a troca de opiniões nos pode levar a conhecer um caminho comum.
Pedimos que participes.
Nao te queremos guiar.
Não queremos que tu nos guies.
Queremos que juntos partilhemos o mesmo caminho.
A consulta começa hoje.
Precisamos da tua opinião.
A nossa humildade faz-nos reconhecer que a recuperação de um único espírito seja encarada como uma vitória.
A nossa ambição permite-nos sonhar com 22 mil.

Velha Academia

A importância da próxima Assembleia Magna

Está marcada uma Assembleia Magna para o dia 9 de Outubro, próxima segunda-feira. Penso que a reunião de estudantes terá como assunto central o Processo de Bolonha, à semelhança da última Assembleia Magna.
Pessoalmente, esta parece-me mais importante ainda. Era raro ir a Assembleias Magnas, uma vez que aos poucos fui deixando de acreditar nas lutas académicas, por constatar que os estudantes ou já não tinham causas, ou não pensavam que pudessem conseguir fazê-las valer, ou já não acreditavam naquilo por que lutavam . A consequência directa disso é como sabes, Assembleia Magnas com uma mísera adesão como as actuais, sem quórum, e em rigor, Assembleias onde não participa a Academia de Coimbra, mas apenas uma ínfima parte dos seus estudantes. As partes foram tirando a força ao todo, foram-se desagregando, e eu desagreguei-me também.
Mas, roubando palavras ao Jorge Palma, às tantas “vais à janela e ao olhares para fora sentes que perdeste o teu centro e de repente descobres é hora de olhares para dentro, é que há qualquer coisa que não bate certo, há qualquer coisa que deixaste para trás em aberto, qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu, e não podes deixar de sentir que o culpado és tu”.
Ao olhar para dentro não pude mesmo deixar de me sentir culpado. Nada fiz para dar força às Magnas, sabendo que as Assembleias Magnas não tinham quórum continuei a não ir, discordando com deliberações de algumas Magnas nunca me preocupei em estar presente para votar contra ou a favor o que quer que fosse, e tenho neste momento que admitir que colaborei com a construção da actual imagem que se tem de Assembleias Magnas, e com a destruição da importância que estas reuniões um dia tiveram, e que outros antes de nós lhes conseguiram atribuir. Contribui para o descrédito que têm hoje as Assembleias Magnas.
E se com isso pactuei, não vou continuar a pactuar.
Não te vou pedir que participes na próxima Assembleia Magna, em cada um manda a sua consciência. Não te vou pedir para estares ao meu lado, embora me apetecesse.
Posso, no entanto, assegurar que vou estar ao lado dos capas negras que estiverem na próxima Assembleia Magna. Serei mais uma parte insignificante que se juntará a um todo com significado. E dessa forma na minha pequenez engrandecerei esta Velha Academia.
Cordiais Cumprimentos
Hilário

quarta-feira, outubro 04, 2006

Debate Hoje no TAGV

O Pelouro d'Intervenção Cívica da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra, em colaboração com o Núcleo de Estudantes de Biologia da Associação Académica de Coimbra, organizam hoje, dia 4 de Outubro, pelas 18H, um debate cujo tema é A Praxe - Abusos ou Usos e Costume, que terá lugar no Teatro Académico Gil Vicente.
Velha Academia

Por uma questão de consciência

Quando se discutia o desinteresse dos estudantes de Coimbra pela sua Academia, pelos seus próprios interesses, e a ausência desses mesmos interesses por parte dos estudantes, surgiu a ideia de fundarmos este blog. A ideia pareceu boa… Rapidamente formamos uma pequena equipa cujo objectivo era crescer até aos vinte e dois mil membros. Quando a ideia surgiu, imaginei automaticamente uma mesa de café onde nós estudantes discutíamos, numa amena cavaqueira, os problemas do (nosso) Mundo, da mesma forma que às vezes o fazemos entre amigos. Foi uma ideia agradável… A conversa que imaginava também… Aliás, gostei tanto, que ainda penso realizar esse “sonho”. E nesse sentido vou escrevendo, ou conversando contigo/convosco, nesta singela “mesa de café”. Escrevo também por uma questão de consciência. Como me disse o Adriano, quando falávamos sobre a ideia de fazermos este blog, um dia mais tarde, mesmo que na prática este blog não consiga mudar nada, vou orgulhar-me por termos tentado, e teremos crescido uns com os outros (e contigo). Se conseguirmos mudar o rumo desta história, e fugirmos ao destino (e essa será a designação certa para o futuro que não fizemos nada para mudar, e que deixámos que se construísse por si mesmo), então teremos conseguido alterar o (nosso) Mundo, e teremos demonstrado mais uma vez a toda a gente a força de quem se une. Qualquer dos caminhos anteriores que percorra, vou orgulhar-me sempre por ter “lutado” por aquilo em que acredito. Outro assunto de que queria falar aqui… Se este blog não é pioneiro, assim como parecem não o ser os seus objectivos, este blog pretende ser diferente de alguns dos que temos visto… Este blog destina-se a discussões amigáveis, e não a discussões excessivamente acesas, em que mais se insulte do que se discuta. Os insultos, mesmo quando apenas à inteligência, ou disfarçados, vestindo a pele da mais refinada ironia, ou até da mais brejeira, retiram a influência e a razão ao que quer que seja dito, e cria conflitos e divisões sem nexo (que passarão a não ser mais do que isso mesmo – estéreis conflitos), em vez de dar lugar a múltiplas linhas de pensamento, que se completam e se aperfeiçoam. Peço por isso que as discussões que aqui surgirem o sejam na medida do respeito, e que as críticas que se façam, sejam construtivas e racionais, e não puramente destrutivas e desprovidas de conteúdo (que não seja unicamente a ofensa). Outro ponto que gostava de esclarecer para que não restem quaisquer dúvidas, a Velha Academia é um pequeno grupo de estudantes, e como grupo é plural, assim como o são as opiniões dos seus membros. Logo, as opiniões de qualquer um de nós não é necessariamente a opinião dominante no grupo que colabora para a Velha Academia, não é demarcante da posição deste blog. Outro facto que não queria deixar de frisar, é que a Velha Academia faz questão de se demarcar de todo e qualquer partido político, pelo que fazíamos questão de não ser conotados com nenhum deles. Escrevemos com o objectivo de discutir os problemas da Academia e não com o intuito de passar quaisquer ideais políticos de direita ou de esquerda (apesar de isso inevitavelmente ter que acontecer, pois, aqui discutem-se, entre outros, assuntos políticos). Por último, pessoalmente, gostava de salientar que não escrevo para impor o que penso a ninguém, nem acredito que as minhas convicções tenham bases sólidas o suficiente para não caírem perante quaisquer argumentos teus. Escrevo o que penso para te fazer pensar, e espero que me escrevas para que eu pense no que disseres, para eu entender melhor o que penso que já sei, assim como para entender o que ainda não sei. Poucas são na verdade as verdades que conheço a que conceda o estatuto de irrefutáveis, por isso conta com a minha abertura de espírito, e permite-me que conte com a tua.
Cordiais Cumprimentos
Hilário

terça-feira, outubro 03, 2006

Assembleia Magna

Assembleia Magna, dia 9 de Outubro, Terça-feira, pelas 21:00, na cantina dos grelhados. Aparece!
Unidos somos poucos, desunidos não somos ninguém.
Velha Academia

domingo, outubro 01, 2006

Um passo em frente

Ontem, em Espanha, o tribunal autorizou, pela primeira vez, um casal homossexual a adoptar uma criança com a qual não partilham laços sanguíneos.
Ontem, em Espanha, foi dado mais um passo para a igualdade.
Hoje, levantam-se vozes defendendo a criança. Alega-se a falta de condições e o preconceito que dificultarão a sua inserção na sociedade.
Ontem, num outro tempo, o mesmo se disse das crianças negras partilharem as escolas com as crianças brancas.
Ontem, em Espanha, deu-se mais um passo contra a discriminação.
Hoje, em Portugal, tudo continua na mesma.
Até quando?

Saudações Académicas
Adriano
Peritoneal Mesothelioma
Peritoneal Mesothelioma