quarta-feira, outubro 25, 2006

Contagem decrescente

À meia-noite de hoje a Cabra fará ecoar pela alta as doze badaladas que marcarão o inicio de mais uma Festas das Latas. A essa hora na Sé Nova guitarras começaram a gemer dando início à Serenata do Caloiro. A partir daí começará uma semana em que Coimbra ferve euforicamente. Quem já é da casa, sabe o que a casa gasta, e sabe que é nestes momentos que nos sentimos mais próximos uns dos outros, que mais convivemos, e que a diversão não tem nem sítio, nem hora para acabar. Mas tu, verde caloiro, terás a partir desse momento a perfeita noção de que entraste numa academia ímpar, e começarás a perceber de onde vem a reputação da vida académica desta cidade. E se não me engano, os próximos dias ficarão guardados na tua memória.
Cabe então contar-te (de uma forma breve) a História desta festa.
No século XIX, os estudantes da Faculdade de Direito começaram a celebrar o final do ano lectivo e para isso utilizavam objectos que produzissem barulho, nomeadamente latas.
Estes festejos rematavam a Queima das Fitas. Contudo, a partir dos anos 50/60 as Latadas passaram para o início do ano lectivo coincidindo com a abertura da Universidade, com a chegada a Coimbra dos estudantes que regressavam de férias e com a chegada dos caloiros.
Após a imposição das insígnias (grelos e fitas), organizava-se um cortejo por cada faculdade, em dias diferentes. Mais tarde, em 1979, com o reatamento das Tradições Académicas de Coimbra, passou a realizar-se uma só cerimónia de imposição das insígnias e um só cortejo, englobando todas as Faculdades.
Actualmente, os caloiros que participam no cortejo vestem fantasias que os padrinhos e madrinhas lhes confeccionam e/ou lhes oferecem, sendo vulgar que usem peças de roupa da cor dos respectivos cursos ou vestes com conteúdo crítico (alusivo quer à vida escolar, quer de cariz político, ou mesmo no que diz respeito ao panorama internacional), sobressaindo também desta forma o espírito crítico, criativo e irreverente da Academia Coimbrã (e que a meu ver deve ser fomentado, pelo que te peço que neste cortejo critiques criativa, inteligente, e irreverentemente aquilo que te inquieta o espírito).
Mais te poderia dizer sobre a Festa das Latas, mas deixarei que descubras por ti tudo o que não te disse.
De resto usarei palavras de Pedro Barroso para frisar dois pontos que não quero deixar passar.
A todos aqueles que por esta altura criticam com mais ou menos razão os estudantes, independentemente dos seus motivos, quero apenas dizer que “há dias a mais iguais no calendário da razão”.
E a ti caro colega, aconselhar que aproveites esta Latada ao máximo, e que a vivas “nos limites decentes da demência, nos limites dementes da decência”.


Cordiais Cumprimentos
Hilário

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