Obrigado

Caros colegas,
Peço desculpa se o facto de ter passado por uma fase menos boa, em que a minha maneira de ser foi mais intransigente de modo a reforçar as minhas defesas e colmatar a minha maior vulnerabilidade, me levou a tomar uma atitude de que rapidamente me vim a arrepender.
Sou incapaz de vos deixar, de deixar aqueles que ajudei a construir esta Velha Academia (e que nunca me deixaram a meio do que quer que fosse), de deixar esta Velha Academia a meio, mas sobretudo, e desculpem-me também o egoísmo, não sou capaz de me deixar a mim... porque... como disse Pedro Barroso num dos seus poemas, "mesmo fugindo nunca saio de mim".
Acontece todavia, que por vezes parece que tudo nos foge do controlo, e por mais que queiramos agarrar as coisas nada parece encaixar ou fazer sentido...
Mas a vida vive-se por fases... E se fiz as minhas tempestades em copos de água, voltando a mim (e acabamos sempre por voltar a nós), continuo a ser o mesmo que escrevia neste espaço, o mesmo que gostava de "falar" convosco, o mesmo que gostava de acreditar e lutar, e.... manter-me calado, por birra, ou com o propósito de não desvalorizar a minha "palavra de honra" tem sido um tremendo sacrifício.
Assim, em 2007, cabe "arregaçar as mangas, e venha de lá mais vida!".
Cordiais Cumprimentos
Hilário
"Por eso tengo que volver
a tantos sitios venideros
para encontrarme conmigo
y examinarme sin cesar,
sin más testigo que la luna
y luego silbar de alegría
pisando piedras y terrones,
sin más tarea que existir,
sin más familia que el camino."
Pablo Neruda
Fin de mundo (El viento)
Só lamento o não ser criança, para que pudesse crer nos meus sonhos, o não ser doido para que pudesse afastar da alma de todos os que me cercam,
Tomar o sonho por real, viver demasiado os sonhos deu-me este espinho à rosa falsa da minha sonhada vida: que nem os sonhos me agradam, porque lhes acho defeitos."
Fernando PessoaA Velha Academia contou hoje mil visitantes. Como prometido, e porque tal acontecimento merece comemoração, a Velha Academia abre hoje uma vertente cultural dando azo a uma pretensão que tínhamos desde a criação desde blog.
Lançamos hoje então um concurso de poesia com o intuito de tentar descobrir os poetas secretos desta Academia.
Os vossos poemas devem ser enviados para o e-mail velhacademia@gmail.com e podem ser assinados ou anónimos.
O prazo para envio dos poemas termina no dia 20/02/2007. O resultado do concurso será disponibilizado no dia 3/03/2007.
Os três melhores poemas serão publicados neste blog, cada um num post próprio, e por ordem decrescente.
O júri que avalia os poemas recebidos será constituído por nós que escrevemos para o Velha Academia, pelo que os critérios de escolha dos melhores poemas serão puramente subjectivos.
Caso sejam recebidos entre vinte e cinco e cinquenta poemas, todos serão impressos, fotocopiados e encadernados, se os seus autores expressamente o permitirem. O objectivo será fazer cinco livros de poesia (iguais), com os poemas dos estudantes da nossa Academia. Esses livros serão deixados por cinco locais de Coimbra e farão parte do projecto Book Crossing.
Se não forem recebidos pelo menos vinte e cinco poemas, apenas se publicarão os três melhores no blog.
Caso sejam recebidos mais de cinquenta, serão colocados no livro os cinquenta melhores trabalhos (sendo sempre necessário que os seus autores permitam expressamente a sua reprodução).
Contudo, reservamo-nos ao direito de alterar as regras acima enunciadas, nomeadamente esta última, uma vez que faremos todos os esforços para colocar todos os poemas recebidos nos referidos livros, não sendo para já certo que o consigamos fazer.
As manifestações são uma medida de protesto que causam controvérsia entre nós estudantes. As opiniões dividem-se bastante. Alguns defendem que as manifestações são uma forma de protesto obsoleta e que já não são susceptíveis de através delas se conseguir obter respostas às nossas reivindicações.
Outros concordam com as manifestações como forma de protesto, porém, em face da fraca adesão dos estudantes às últimas manifestações, depreendem que nada se pode conseguir, uma vez que não nos manifestamos a uma só voz, e que tão poucas são as vozes que se levantam.
Por último existem aqueles, como eu, que entendem que as manifestações são o meio idóneo para demonstrar o descontentamento dos estudantes, que apesar da fraca adesão do todo continuam a lutar pelas causas dos estudantes aderindo às manifestações. Haverá, por ventura, quem diga que são os que participam em pequenas manifestações insignificantes que denigrem o nome da nossa Academia, e que contribuem para a suposta má imagem dos estudantes perante a sociedade civil.
Assim sendo, tratarei de aqui explicar aquilo que penso, esperando que quem discorda de mim também me diga porque discorda e o que pensa sobre isto para que eu pense se estou errado, e onde posso estar errado.
A meu ver as manifestações são o modo adequado para o povo manifestar o seu descontentamento perante certas situações com as quais discorda de forma veemente. As classes profissionais manifestam-se… Os habitantes de certas localidades manifestam-se… Os doentes de certos centros de saúde manifestam-se… etc.
Dir-me-ão então, com toda a razão, que poucas são as manifestações que alcançam os seus propósitos. Penso, no entanto, que a nível académico não se viu nos últimos anos uma manifestação digna desse nome, excepto uma manifestação nacional de estudantes que, salvo erro em 2003, levou a Assembleia da República milhares de estudantes de várias Universidades, num protesto contra o desmedido aumento de propinas que na altura era eminente. O montante de propinas efectivamente aumentou, mas, se não estou errado, algumas conquistas foram feitas, se bem me recordo, nomeadamente ao nível da Acção Social.
Depreendo então que os nossos gritos nas manifestações não sejam ouvidos porque somos tão poucos (em relação ao universo em que estamos inseridos) que realmente não teria lógica sermos considerados representativos dos estudantes.
Acredito piamente que se as manifestações contassem com um elevado número de estudantes seria impossível sermos ignorados.
Os sucessivos fracassos das consecutivas manifestações podem desmotivar-nos. Será, por hipótese, esse o propósito de quem nos governa e nos ignora. Não reagir perante as nossas demonstrações de descontentamento face às mudanças que nos impingem, e vencerem-nos pelo cansaço. O plano funciona. É realmente desmotivante… Não reagir vai-nos calando. Mas se assim não fosse, e quando ignorando-nos fizerem elevar as nossas vozes e o número de manifestantes não acredito que nos possam ignorar. É por isso que participo nas manifestações cujas reivindicações me parecem justas, sozinho ou com amigos, tenha ou não alguma coisa para fazer além disso, e assim tranquilizo a minha consciência, ciente de que não baixei os braços quando achei que não o devia fazer.
Quanto à opinião de que as manifestações são um meio obsoleto de protesto e de reivindicação… Discordo. Concordo que não são um novo meio de protesto, já se encontra implementado… Mas não esgotado… Se as manifestações atingirem dimensões consideráveis terão de ser levadas em linha de conta.
Quanto aqueles que concordando com a causa não aderem ao protesto porque ele não será significativo, sugiro que participem, e que como eu vão esperando que mais estudantes venham. Não pensem: “Serei apenas mais um”, pensem apenas: “Eu serei mais um, darei o meu contributo, aumentarei o tom do protesto”, e não se deixem frustrar perante mil batalhas perdidas, ou todos perderemos as sucessivas guerras.
Esta é a minha maneira de pensar. Diz-me o que pensas, conversemos…
Cordiais Cumprimentos
Hilário
A meu ver, é sempre positivo o aparecimento de novos projectos, de novas convicções, e de novas correntes, independentemente de concordarmos com elas. Quanto mais não seja porque nos fazem pensar.
No entanto, esta apatia geral que se nota em nós por tudo o que nos faça pensar será, em minha opinião, o principal obstáculo que estes projectos se depararão. Não sei o que se pode fazer para contrariar essa tendência, mas aqui no meu cantinho, com a minha “pena”, humildemente, e consciente da minha insignificância, vou tentando ajudar a alcançar esse objectivo.
Pelo que me parece, para além de informar, e consciencializar, estes projectos pretendem também mobilizar, e através disso unir e fortificar a Academia. Não me parece que essa tarefa seja fácil. Vejo-nos demasiado presos ao nada. Agarrados ao que não nos obriga a pensar e ao que nos permite deleitar a nossa mente com a inércia. Todavia, acredito que estejamos a caminhar no caminho certo. Se conseguirmos não baixar os braços e não ceder perante a frustração de não ver por vezes resultados do que fazemos naquele sentido, acredito que comecemos a vencer algumas batalhas. E a verdade é que ainda não vi ninguém baixar os braços. Vejo-os levantarem-se.
Aqui fica o meu reconhecimento…
Se algum leitor fizer parte de algum dos projectos que referi e me puder informar mais sobre os objectivos e ideias de cada um deles, agradecia que o fizesse.
Cordiais Cumprimentos
Hilário