Manifestações
As manifestações são uma medida de protesto que causam controvérsia entre nós estudantes. As opiniões dividem-se bastante. Alguns defendem que as manifestações são uma forma de protesto obsoleta e que já não são susceptíveis de através delas se conseguir obter respostas às nossas reivindicações.
Outros concordam com as manifestações como forma de protesto, porém, em face da fraca adesão dos estudantes às últimas manifestações, depreendem que nada se pode conseguir, uma vez que não nos manifestamos a uma só voz, e que tão poucas são as vozes que se levantam.
Por último existem aqueles, como eu, que entendem que as manifestações são o meio idóneo para demonstrar o descontentamento dos estudantes, que apesar da fraca adesão do todo continuam a lutar pelas causas dos estudantes aderindo às manifestações. Haverá, por ventura, quem diga que são os que participam em pequenas manifestações insignificantes que denigrem o nome da nossa Academia, e que contribuem para a suposta má imagem dos estudantes perante a sociedade civil.
Assim sendo, tratarei de aqui explicar aquilo que penso, esperando que quem discorda de mim também me diga porque discorda e o que pensa sobre isto para que eu pense se estou errado, e onde posso estar errado.
A meu ver as manifestações são o modo adequado para o povo manifestar o seu descontentamento perante certas situações com as quais discorda de forma veemente. As classes profissionais manifestam-se… Os habitantes de certas localidades manifestam-se… Os doentes de certos centros de saúde manifestam-se… etc.
Dir-me-ão então, com toda a razão, que poucas são as manifestações que alcançam os seus propósitos. Penso, no entanto, que a nível académico não se viu nos últimos anos uma manifestação digna desse nome, excepto uma manifestação nacional de estudantes que, salvo erro em 2003, levou a Assembleia da República milhares de estudantes de várias Universidades, num protesto contra o desmedido aumento de propinas que na altura era eminente. O montante de propinas efectivamente aumentou, mas, se não estou errado, algumas conquistas foram feitas, se bem me recordo, nomeadamente ao nível da Acção Social.
Depreendo então que os nossos gritos nas manifestações não sejam ouvidos porque somos tão poucos (em relação ao universo em que estamos inseridos) que realmente não teria lógica sermos considerados representativos dos estudantes.
Acredito piamente que se as manifestações contassem com um elevado número de estudantes seria impossível sermos ignorados.
Os sucessivos fracassos das consecutivas manifestações podem desmotivar-nos. Será, por hipótese, esse o propósito de quem nos governa e nos ignora. Não reagir perante as nossas demonstrações de descontentamento face às mudanças que nos impingem, e vencerem-nos pelo cansaço. O plano funciona. É realmente desmotivante… Não reagir vai-nos calando. Mas se assim não fosse, e quando ignorando-nos fizerem elevar as nossas vozes e o número de manifestantes não acredito que nos possam ignorar. É por isso que participo nas manifestações cujas reivindicações me parecem justas, sozinho ou com amigos, tenha ou não alguma coisa para fazer além disso, e assim tranquilizo a minha consciência, ciente de que não baixei os braços quando achei que não o devia fazer.
Quanto à opinião de que as manifestações são um meio obsoleto de protesto e de reivindicação… Discordo. Concordo que não são um novo meio de protesto, já se encontra implementado… Mas não esgotado… Se as manifestações atingirem dimensões consideráveis terão de ser levadas em linha de conta.
Quanto aqueles que concordando com a causa não aderem ao protesto porque ele não será significativo, sugiro que participem, e que como eu vão esperando que mais estudantes venham. Não pensem: “Serei apenas mais um”, pensem apenas: “Eu serei mais um, darei o meu contributo, aumentarei o tom do protesto”, e não se deixem frustrar perante mil batalhas perdidas, ou todos perderemos as sucessivas guerras.
Esta é a minha maneira de pensar. Diz-me o que pensas, conversemos…
Cordiais Cumprimentos
Hilário
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