Hilário
A 27 de Agosto deste ano, inaugurámos, este blog, tendo a ideia da sua criação nascido de uma “conversa de café”. Os seus objectivos são devolver à Associação Académica de Coimbra e aos estudantes que a integram a união e as características que em tempos lhe foram reconhecidas, nomeadamente o espírito crítico e interventivo. Cada interveniente deste projecto adoptou um pseudónimo. Eu escolhi Hilário. E hoje quero recordar-te quem foi o verdadeiro Hilário, a quem eu roubei o nome, e que o tempo foi entregando ao esquecimento. Augusto Hilário da Costa Alves, nasceu em Viseu em Janeiro de 1864. Frequentou o Liceu de Viseu com o intuito de fazer os estudos preparatórios para admissão à Faculdade de Filosofia, mas os anos foram passando sem que concluísse a disciplina de Filosofia. Matriculou-se depois em Coimbra, mas também aí os resultados não foram famosos e revela-se então um apaixonado pela boémia coimbrã, notabilizando-se como cantor de fado e exímio executante de guitarra. Em 1889/90, foi examinado no Liceu de Coimbra pelos Doutores Manuel Celestino Emídio, Maximiano de Aragão e Clemente Carvalho e tendo feito uma prova admirável foi aprovado com uma boa classificação. Matriculou-se então no primeiro ano de Medicina, tendo assentado praça na Marinha Real dada a sua falta de recursos, recebendo em virtude disso um subsídio do Estado. A sua actividade de fadista e trovador era reconhecida pelo país inteiro, em particular na Academia Coimbrã onde era o “Rei da Alegria”. O seu esmerado trato e a sua cordialidade faziam dele o grande animador dos serões académicos. Nos seus fados interpretou poemas de Guerra Junqueiro, António Nobre, Fausto Guedes Teixeira, para além dos que ele próprio criou. Um dos pontos mais altos da sua carreira foi a participação na festa de homenagem ao grande poeta João de Deus que se realizou em Lisboa, no Teatro D. Maria II, a que se associou a Academia de Coimbra e onde participou, entre outros, o Professor Egas Moniz. No decorrer do espectáculo, após a sua intervenção e em plena apoteose do público presente, Hilário atirou para o meio da multidão a sua guitarra, da qual nunca mais se soube. O Ateneu Comercial de Lisboa ofereceu-lhe aquela que foi a sua última guitarra, que se encontra actualmente na posse do Museu Académico de Coimbra, por especial oferta da família. Em breve mais te contarei sobre Hilário, o imortal estudante de Coimbra, para não tornar este post demasiado extenso.
Cordiais Cumprimentos
Hilário
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