segunda-feira, setembro 18, 2006

Primeira Abordagem do Processo de Bolonha

O Processo de Bolonha é um dos temas que penso que neste momento mais devia chamar a nossa atenção, dado que vai mudar de forma drástica (vocábulo que uso sem conotação negativa) o Ensino Superior, e que quando for implementado nos vai tocar a todos, ou pelo menos em todos os que virão depois de acabarmos o nosso curso.
Não vejo contudo quem esteja interessado com o assunto, nem quem me possa ajudar a perceber as transformações que aí vêm. E isso custa-me imenso, pois faz-me constatar que realmente o futuro dos estudantes foi por nós deixado à deriva, e que nos esquecemos que devíamos ter uma palavra a dizer sobre este Processo de Bolonha, o que não quer dizer que pense que deveríamos procurar de alguma forma vetar, impedir, a sua implementação, mas que já que nós estudantes é que vamos ser o principal alvo desse Processo, deveríamos pelo menos discutir as suas características, e os pontos em que não concordamos com este projecto.
Confesso que ainda não estou devidamente informado sobre as alterações que Bolonha vai trazer, motivo pelo qual imprimi o documento que o Ministério da Ciência e do Ensino Superior disponibilizou on-line sobre o Processo (cfr. Link “Processo de Bolonha” no separador Cidades de Conhecimento, neste blog). Não tive ainda tempo de o estudar, esperando poder fazê-lo nos próximos dias, mas fazendo uma leitura diagonal, algumas linhas bastaram para me deixar inquieto na cadeira.
Se já no final, página 69, lê-se, por baixo do título Conclusão III (Apoio a Implementação do Processo de Bolonha), “Este Processo representa uma profunda reforma na vida académica nacional”, na página 27, sob o título ECTS III (European Credit Transfer System), diz-se que, e passo a citar: “O ECTS propõe mudanças ao nível de: Metologia de aprendizagem: mais activa e participativa; Capacidade e competências horizontais: aprender a pensar, aprender a aprender, aprender a ensinar”. Ora bem, parece que afinal Bolonha até vem cheia de boas intenções, e que nos vão ensinar a pensar. Isto é positivo, e o documento refere que “Este Processo representa uma profunda reforma na vida académica nacional”. Peço desculpa por não ter resistido à repetição. Mas quis frisar que até o Processo ser aplicado continuaremos a não saber pensar. Pois bem… Que nos ensinem!
Mas o que me deixa mesmo indignado…… (estas reticências, mesmo assim, parecem-me pecar por defeito) é a conjugação do que se diz na página 50, e passo a citar:“ Em Maio de 2003, por despacho do Ministro da Ciência e do Ensino Superior, foi constituído um Grupo de Trabalho que se assume como um fórum de reflexão e de discussão entre a Administração e a Comunidade Académica.
Este Grupo, coordenado pelo representante nacional no Bologna Follow up Group (BFUG), conta com a participação de representantes do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), do Conselho Coordenador dos Instituto Superiores Politécnicos (CCISP) e da
Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP)”;com o que se diz na página 67, no tópico Conclusões I, e logo abaixo do pomposo título Uma Visão de Cidadania, que no seu terceiro ponto determina que “O Processo de Bolonha preconizam medidas tendentes a: • Participação mais activa dos estudantes na vida da Escola”.

Enfim… pergunto eu, se as medidas que aí vêm tendem para uma participação mais activa dos estudantes na vida académica, porque não foram os estudantes convidados a sentarem-se a mesa daquele mencionado Grupo de Trabalho que se assume como um fórum de reflexão e de discussão entre a Administração e a Comunidade Académica? Não faremos nós parte da Comunidade Académica? Ou não faremos parte apenas do grupo que se assume capaz de reflexão sobre este assunto, e digno de o discutir? Mas mais, porque não se lembraram as Associações de Estudantes das Universidades portuguesas, de humildemente, uma vez que não foram convidadas, pedirem se sentarem naquela mesa?

Como disse, ainda pouco sei sobre este assunto. E a minha ignorância pode corroer o que digo, também reconheço que à primeira vista pouco simpatizo com este Processo. Portanto, à parte do que te digo, informa-te e forma a tua opinião.
De qualquer forma, o que peço é que se lembrem que se houver pontos deste projecto que queiramos discutir, este é o momento, o mal deve ser cortado pela raiz…

Cordiais Cumprimentos
Hilário

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