"Como viveu, enquanto ministro da Educação, a revolta dos estudantes de Coimbra, em 1969?
Esse episódio não teve importância nenhuma. Criaram essa lenda.
Mas não é de lendas que se faz a História?
Exactamente. Em Coimbra, não havia Associação Académica. Eu achei isso mal. Dei posse a uma lista apesar de me terem dito que eram comunistas. Na sessão de inauguração do Edifício das Matemáticas, na sala com capacidade para 200 pessoas estavam umas 500. Fiz o meu discurso, que os rapazes aplaudiram muito. O presidente da Associação de Estudantes, Alberto Martins, levanta-se e pede a palavra.
O Presidente da República, Américo Tomás, fica embezerrado: diz que sim, mas primeiro dá a palavra ao ministro das Obras Públicas. Aquele sim era um não. Quando o ministro acaba de falar, Américo Tomás dá como encerrada a sessão. E gera-se na sala um ambiente pesado. Encaminham-nos para sair e os estudantes ocupam as escadas. A massa estudantil que estava na escada murmurava qualquer coisa que eu não percebia. Foi um episódio não preparado, resultante da incúria, porque, se não tivéssemos deixado os estudantes ocupar as escadas, nada disso teria acontecido. Entendi que não havia razão para nenhum processo, embora o Presidente da República tenha ficado muito aborrecido. Mais tarde, disseram-me que tinham prendido o Alberto Martins. Liguei ao ministro do Interior para saber o que se passava. Ele também não sabia, mas disse-me que ia tratar do assunto. Deu ordens e o rapaz foi libertado imediatamente."
Entrevista completa a José Hermano Saraiva -> http://econac.wordpress.com/2006/08/23/entrevista-a-jose-hermano-saraiva/
De qualquer maneira, deixo a outra visão do acontecimento, esta mais curta...
1969 . CRISE ACADÉMICA .Na inauguração do edifício de Matemáticas da Faculdade de Ciências de Coimbra, o estudante Alberto Martins é impedido de usar da palavra. Os protestos originam nova crise académica. A repressão é violenta, com prisões e mobilização de estudantes opositores à guerra colonial..
Verdade... Essa entervista é fantastica... Deixo aqui mais um trecho:
"A que se deve a sua admiração por Salazar?
Milhões de portugueses estiveram com esse homem, à excepção de uma pequena minoria. Salazar não era como estes de agora, que se encarrapitam todos para lá estar meia dúzia de meses. Ele não era nada democrata. A democracia quer dizer que o maior número tem razão. Alguém acredita nisto? Neste país de analfabetos, o maior número é de primatas e são eles que mandam.
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Pois há...
"Como viveu, enquanto ministro da Educação, a revolta dos estudantes de Coimbra, em 1969?
Esse episódio não teve importância nenhuma. Criaram essa lenda.
Mas não é de lendas que se faz a História?
Exactamente. Em Coimbra, não havia Associação Académica. Eu achei isso mal. Dei posse a uma lista apesar de me terem dito que eram comunistas. Na sessão de inauguração do Edifício das Matemáticas, na sala com capacidade para 200 pessoas estavam umas 500. Fiz o meu discurso, que os rapazes aplaudiram muito. O presidente da Associação de Estudantes, Alberto Martins, levanta-se e pede a palavra.
O Presidente da República, Américo Tomás, fica embezerrado: diz que sim, mas primeiro dá a palavra ao ministro das Obras Públicas. Aquele sim era um não. Quando o ministro acaba de falar, Américo Tomás dá como encerrada a sessão. E gera-se na sala um ambiente pesado. Encaminham-nos para sair e os estudantes ocupam as escadas. A massa estudantil que estava na escada murmurava qualquer coisa que eu não percebia. Foi um episódio não preparado, resultante da incúria, porque, se não tivéssemos deixado os estudantes ocupar as escadas, nada disso teria acontecido. Entendi que não havia razão para nenhum processo, embora o Presidente da República tenha ficado muito aborrecido. Mais tarde, disseram-me que tinham prendido o Alberto Martins. Liguei ao ministro do Interior para saber o que se passava. Ele também não sabia, mas disse-me que ia tratar do assunto. Deu ordens e o rapaz foi libertado imediatamente."
Entrevista completa a José Hermano Saraiva -> http://econac.wordpress.com/2006/08/23/entrevista-a-jose-hermano-saraiva/
Também prefiro abster-me de comentários...
De qualquer maneira, deixo a outra visão do acontecimento, esta mais curta...
1969 . CRISE ACADÉMICA
.Na inauguração do edifício de Matemáticas da Faculdade de Ciências de Coimbra, o estudante Alberto Martins é impedido de usar da palavra. Os protestos originam nova crise académica. A repressão é violenta, com prisões e mobilização de estudantes opositores à guerra colonial..
Fonte: http://memoriavirtual.weblog.com.pt/arquivo/005542.html
Verdade...
Essa entervista é fantastica... Deixo aqui mais um trecho:
"A que se deve a sua admiração por Salazar?
Milhões de portugueses estiveram com esse homem, à excepção de uma pequena minoria. Salazar não era como estes de agora, que se encarrapitam todos para lá estar meia dúzia de meses. Ele não era nada democrata. A democracia quer dizer que o maior número tem razão. Alguém acredita nisto? Neste país de analfabetos, o maior número é de primatas e são eles que mandam.
Serviu o Estado Novo. Não se arrepende de nada?
Não.(...)"
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