"O teu futuro é um caos"
Finalmente a AAC acordou e teve alguma reacção sobre o Processo de Bolonha. Fiquei agradado com as medidas. O slogan parece-me forte e condizente com a realidade. A AAC demorou a reagir, mas parece-me, á primeira vista, que esta campanha foi pensada. Espero que dê frutos e que informe os estudantes das reformas que aí vêm, sendo que, como já antes disse, penso que não devemos atacar o Processo de Bolonha antes de o perceber. O Processo de Bolonha deve ser atacado nos pontos em que dele discordármos. Só hoje li no Portugal Diário (www.portugaldiario.iol.pt) uma notícia que saíu no passado dia 13 de Setembro e que aqui vos deixo:
(Notícia retirada do site www.portugaldiario.iol.pt)
«O teu futuro é um caos»
2006/09/13 13:45
Cartazes com este slogan vão estar espalhados pela Universidade de Coimbra. Processo de Bolonha levanta mais «dúvidas do que certezas». Estudantes prometem combate às políticas educativas do Governo
2006/09/13 13:45
Cartazes com este slogan vão estar espalhados pela Universidade de Coimbra. Processo de Bolonha levanta mais «dúvidas do que certezas». Estudantes prometem combate às políticas educativas do Governo
A Associação Académica de Coimbra (AAC) anunciou hoje, em conferência de imprensa, o lançamento de uma campanha de combate às políticas educativas do Governo, com o slogan «O teu futuro é um caos».
«É uma mensagem muito directa, inegavelmente polémica e acutilante, dirigida aos estudantes, que estará presente em vários cartazes na Universidade», explicou à agência Lusa o presidente da AAC, Fernandes Gonçalves.
Segundo o líder estudantil, a campanha tem como objectivo repudiar as políticas do Governo para o ensino superior, nomeadamente o Processo de Bolonha, abordando também as questões do emprego e da acção social escolar.
Sobre o Processo de Bolonha, o presidente da AAC afirmou que os alunos têm mais «dúvidas do que certezas», considerando que a sua aplicação vai «prejudicar os cursos e encarecer a frequência do segundo ciclo», com propinas mais caras.
«Ainda não sabemos como será o regime de transição e como é que o mercado de trabalho vai aceitar esta alteração», sublinhou o dirigente.
Relativamente à acção social escolar, o dirigente alertou para a alegada falta de «investimento do Estado na alimentação - com a entrega de cantinas a privados, embora em Coimbra ainda não aconteça - e no alojamento estudantil».
O presidente da AAC explicou ainda que a campanha se vai desenvolver em três fases. Na primeira, os universitários serão confrontados com uma mensagem que os «fará reflectir», seguindo-se depois uma acção «em grande escala» de sensibilização à sociedade civil.
Por último, acrescentou, será lançado um apelo aos estudantes para que se pronunciem sobre as alterações em curso nas políticas educativas.
in Portugal Diário - 2006/09/13
Cordiais Cumprimentos
Hilário
posted at 01:26
3 Intervenções
Caro colega, dizes que te parece "que esta campanha foi pensada". Foi-o, sem dúvida. Os cartazes inatractivos, confusos e pessimistas, com uma estética semelhante a convites para festas góticas ou trance foram pensados. Também as palavras desmobilizadoras, confusas e sem nenhum conteúdo político foram pensadas. Foram pensadas como medida de manutenção de um jogo tenso que joga a nossa DG: a negação parcial de Bolonha mascarada de negação do total do processo, de forma a não se oporem ao mesmo nos seus meandros burocráticos, mas aparentando o contrário. Como de resto já ficou provado num documento assinado pela anterior DG, da qual esta se assume seguimento, em parceria com a FAP e outras direcções associativas estudantis - e esse documento foi tornado público no final do ano passado, tendo sido abafado pelo obscurantismo habitual na direcção em questão. Por isso o Gugas que não nos venha com tretas como "fará reflectir" que a hipócrisia e a traição do movimento fede à distância.
Prezado colega
Antes de mais peço desculpa pela possível demora em responder-te, pois não consegui ver em que dia nos escreveste, e só hoje reparei no teu comentário, e queria ainda agradecer-te por nos teres dado a tua opinião.
Depois, permite-me que comece por te dizer aquilo em que discordamos. Os cartazes “O Teu Futuro É Um Caos” efectivamente chamaram a minha atenção. Também me remeteram para uma festa trance como dizes, mas um segundo olhar mais atento, realmente remeteu-me para o caos, a completa falta de harmonia, e pareceu-me coerente. E sim, também me pareceram esses cartazes confusos, por causa da tal imagem, que ao mesmo tempo me pareceu coerente, e pessimista, pois o Processo de Bolonha ainda me traz mais dúvidas do que certezas, e deixa-me apreensivo e receoso, e confesso que um pouco pessimista.
Quando dizes que foram usadas palavras confusas, também discordo, mas isso, como o que tenho dito aqui é subjectivo, eu recebi de imediato a mensagem e percebi ao que se referiam os cartazes, e a meu ver, o meu futuro, se não for rapidamente esclarecido é um caos de tão indefinido que está. E no que toca à falta de conteúdo politico, não te poderei de forma nenhuma dizer que a frase “O Teu Futuro É Um Caos” o tem, mas penso que o objectivo desses cartazes era essencialmente chamar a atenção – “lançar o alerta”. Foi assim que vi o inicio dessa campanha…
Em relação ao resto do teu comentário, não poderei dizer-te o que penso… Desconheço aquilo de que falas… Pedia-te então que me esclarecesses sobre que jogo tenso é esse que a nossa DG joga, assim como sobre que documento assinado pela anterior DG em parceria com outras direcções associativas estudantis é esse de que falaste.
Como se denota, é provável que tenha bastante menos conhecimento do que tu sobre este assunto, e o que te peço, é elucida-me.
De qualquer modo, posso dizer-te que a última Magna (que penso que foi convocada no âmbito daquela campanha) apesar de me ter parecido que o ambiente foi a certa altura demasiado hostil entre os próprios estudantes, como de resto já me parece ser habitual, e que a meu ver tem como consequência inevitável (e quase exclusiva) o progressivo agravamento de clivagens em vez da pretendida unificação da Academia, teve mesmo assim o mérito de me fornecer mais informações sobre Bolonha, e considero isso bastante positivo.
Às vezes pergunto-me se será possível ou realizável que a verdadeira união entre os estudantes desta academia volte a existir, ou se isso não passa de ingenuidade minha, ou devaneio meu. Será impossível na conjuntura actual perceber que as nossas diferenças individuais não têm de determinar a enorme desagregação actual dos estudantes desta Academia? Serei eu despropositadamente utópico e excessivamente ingénuo?
São estas as questões que te deixo.
P.S. – Peço-te que uses um pseudónimo para que te possa identificar em possíveis intervenções que venhas a fazer neste blog.
Cordiais Cumprimentos
Hilário
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