quarta-feira, dezembro 27, 2006

Fenix


Caros colegas,

Peço desculpa se o facto de ter passado por uma fase menos boa, em que a minha maneira de ser foi mais intransigente de modo a reforçar as minhas defesas e colmatar a minha maior vulnerabilidade, me levou a tomar uma atitude de que rapidamente me vim a arrepender.
Sou incapaz de vos deixar, de deixar aqueles que ajudei a construir esta Velha Academia (e que nunca me deixaram a meio do que quer que fosse), de deixar esta Velha Academia a meio, mas sobretudo, e desculpem-me também o egoísmo, não sou capaz de me deixar a mim... porque... como disse Pedro Barroso num dos seus poemas, "mesmo fugindo nunca saio de mim".
Acontece todavia, que por vezes parece que tudo nos foge do controlo, e por mais que queiramos agarrar as coisas nada parece encaixar ou fazer sentido...
Mas a vida vive-se por fases... E se fiz as minhas tempestades em copos de água, voltando a mim (e acabamos sempre por voltar a nós), continuo a ser o mesmo que escrevia neste espaço, o mesmo que gostava de "falar" convosco, o mesmo que gostava de acreditar e lutar, e.... manter-me calado, por birra, ou com o propósito de não desvalorizar a minha "palavra de honra" tem sido um tremendo sacrifício.
Assim, em 2007, cabe "arregaçar as mangas, e venha de lá mais vida!".

Cordiais Cumprimentos

Hilário


"Por eso tengo que volver

a tantos sitios venideros

para encontrarme conmigo

y examinarme sin cesar,

sin más testigo que la luna

y luego silbar de alegría

pisando piedras y terrones,

sin más tarea que existir,

sin más familia que el camino."

Pablo Neruda

Fin de mundo (El viento)

quarta-feira, dezembro 06, 2006

E se eles também tivessem deixado de acreditar??










Ary


terça-feira, dezembro 05, 2006

A última "carta" que vos escrevo

Caro colega,

É com bastante tristeza que te anuncio que esta será a última carta que te escrevo, é com igual tristeza que a escrevo.
Nos últimos dias deparei-me com situações inesperadas e que muito me surpreenderam. Levaram-me essas situações a acreditar que durante este tempo que aqui tenho estado contigo nada consegui. Levaram-me essas situações a crer que nada posso mudar. Levaram-me essas situações a desistir de acreditar.
Já não acreditando que algo posso fazer por uma Academia melhor não se justifica que continue a escrever. Direi que perdi a inspiração e a convicção... Direi que certos factos que conheci me obrigaram a deixar de ser ingénuo e utópico. Direi que neste espaço deixei de Ser...

Não quero, no entanto, partir sem agradecer às pessoas que leram "posts" que escrevi, agradecer especialmente àqueles que comigo "conversaram", e deixar-vos um forte abraço. Nomeadamente ao Gonçalo, a uma colega anónima, ao Jack The Ripper, e a um colega anónimo. Quero ainda pedir desculpa a estes dois últimos por lhes ter "puxado as orelhas" quando uma discussão me pareceu tomar rumos que não eram por mim desejados.

Quero também deixar aos que comigo edificaram este espaço um "Muito Obrigado" enorme, pois deram-me oportunidade de viver algo intensamente, e de acreditar, apesar de essa esperança ter sido efémera, e destruída pela realidade "lá de fora".



Convosco cresci...

"[Já]Não me indigno, porque a indignação é para os fortes; [Já] não me resigno, porque a resignação é para os nobres; [Já] não me calo, porque o silêncio é para os grandes. E eu não sou forte, nem nobre, nem grande. Sofro e sonho. Queixo-me porque sou fraco e, porque sou artista, entretenho-me a tecer musicais as minhas queixas e a arranjar meus sonhos conforme me parece melhor a minha ideia de os achar belos.

Só lamento o não ser criança, para que pudesse crer nos meus sonhos, o não ser doido para que pudesse afastar da alma de todos os que me cercam,

Tomar o sonho por real, viver demasiado os sonhos deu-me este espinho à rosa falsa da minha sonhada vida: que nem os sonhos me agradam, porque lhes acho defeitos."

Fernando Pessoa

Cordiais Cumprimentos
Hilário



"When everything's made to be broken
I just want you to know who I am"

Goo Goo Dolls

segunda-feira, dezembro 04, 2006

E tu, quantos votos vales?

Em Coimbra, entre Junho e Novembro/Dezembro, as pessoas são avaliadas em votos. Não é por valores, não é por serem bonitas ou feias, por serem de esquerda ou direita, honestas ou crápulas, boas ou más. Só votos.
-«Vou tomar café com o Zé, de Direito»
-«A sério? Porquê? Ele é fixe?»
-«Não sei, mas vale 70votos na Faculdade dele. E conhece o Joaquim que vale mais outros tantos»
-«Ah, então fazes bem. Eu vou sair com a Maria, de Eng. Química.»
-«Quantos votos vale ela?»
-«Não muitos... Talvez o dela e o da melhor amiga...»
-«Ah, então porque é que vais gastar dinheiro?»

Quem não vale votos não vale nada. E a Academia, valerá alguma coisa, assim?



Zeca
Peritoneal Mesothelioma
Peritoneal Mesothelioma